CRX #01 - Fios de Sutura (Síntese)

dezembro 28, 2017 Posted by Laura M. No comments

SÍNTESE

Entende-se por síntese o conjunto de manobras manuais e instrumentais, destinadas a unir os tecidos separados, restituindo sua continuidade anatômica e funcional.

FIOS DE SUTURA

Cada fio tem uma espessura e serve para procedimentos específicos. 
  • Fios finos 6-0 a 4-0 são usados em microcirurgias, cirurgias plásticas, suturas de pele, cirurgia vascular, reconstruções de estruturas finas (ureter, vias biliares, tuba uterina, etc.).
  • Fios intermediários, entre 3-0 a 1-0, são mais usados em cirurgia abdominal e ginecológica. 
  • Fios grossos, de 1 a 3, são mais usados quando se precisa de grande força tênsil em cirurgias abdominal ou torácica sobre regiões de grande tensão, músculos, etc.
Os fios são geralmente classifica-dos em dois grandes grupos: ab-sorvíveis e não absorvíveis.
  • Fios absorvíveis: são aqueles que sofrem degradação e rapidamente perdem sua tensão de estiramento em 60 dias.
  • Fios não absorvíveis: são aqueles que retêm a força de tensão por mais de 60 dias.
Os fios absorvíveis são utilizados para suturas invasivas, enquanto os não absorvíveis são utilizados para suturas externas. Já os fios de seda são utilizados em suturas odontológicas.
Os fios ainda podem ser classificados como naturais e sintéticos. 
Dentro dos materiais naturais absorvíveis tem-se o categute cirúrgico e o colágeno
Material sintético absorvível é o ácido poliglicólico (Dexon), poliglactina 910 (Vycril) e Maxon.

Nas fibras naturais não absorvíveis (incluindo os metais), tem-se a sedaalgodão e o tântalo.
Sintéticos não absorvíveis: Nylon, Poliéster etc.
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FONTES
https://laborimportshop.com.br/blog/hospitalar/fios-de-sutura-e-suas-indicacoes
http://coral.ufsm.br/tielletcab/HVfwork/apoptcv/cap5.htm

Cardio #01 - HAS e a Diretriz 2017

dezembro 26, 2017 Posted by Laura M. , No comments

Hipertensão Arterial Sistêmica

- Técnica de esfigmomanometria: Riva-Rocca 1896.
- Sons de Korotkoff:1913.
- Observou-se que níveis elevados de pressão arterial estavam relacionados a um alto risco de eventos cardiovasculares como: insuficiência cardíaca, encefalopatia, insuficiência renal progressiva, AVC e morte precoce.
- Primeiros anti-hipertensivos: reserpina, hidralazina, clorotiazida.
- Primeiro grande Trial com anti-hipertensivos comprovando sua eficácia: 1967!
- Doença cardiovascular crônica mais comum e responsável pela maior parte dos eventos cardiovasculares.

- Epidemiologia: prevalência na população adulta no Brasil = 32,5%. Efeito protetor do estogênio nas mulheres antes da menopausa. HAS é mai comum e mais grave em negros.
- Definição de Hipertensão Arterial Sistêmica:
Entidade Clínica na qual o indivíduo apresenta níveis médios de pressão arterial que conferem um significativo aumento do risco de eventos cardiovasculares, em curto ou longo prazo, justificando uma programação terapêutica.
- Fisiopatologia:
  • 95% dos casos: causa desconhecida - HAS primária.
  • 05% dos casos: HAS "secundária" - etiologias mais comuns: doença parenquimatosa renal e estenose de artéria renal. Outras etiologias: coarctação da aorta, síndrome de Cushing, feocromocitoma, acromegalia, cocaína, ciclosporina.
  • Fisiopatologia da HAS primária: 
    • Natriuese pressórica só ocorre em níveis maiores de pressão, consequentemente há maior Na+ e retenção de H2O, com isso maior débito cardíaco e maior PA.
    • Renina em quantidade alterada? Vasoconstrição arterial e Venosa e aumento PA.
    • Predisposição Genética em 30-60% dos casos. Gene APOL1 - mais comum em afrodescendentes, confere proteção contra infecções tripanossômicas, tendo como efeito colateral uma maior predisposição à HAS. 
    • Baixo Peso ao Nascer/Prematuridade: hipodesenvolvimento na fase uterina com posterior compensação na fase extrauterina com hipertrofia dos glomérulos e consequente desenvolvimento de hipertensão arterial por maior secreção basal de rerina.
    • A maioria das teorias patogênicas da HAS primária parte do pressuposto que o evento inicial é o aumento do DC, geralmente por retenção excessiva de Na e H2O pelos rins. A HAS por hiperfluxo, com o tempo, converte-se na HAS por hiper-resistência (aumento da RVP).

- VII Diretriz Brasileira de HAS
  • >140/90 mmHg no consultório, média de 2 medidas em 2 consultas.
    • Ou uma aferição com valor exageradamente alto (180/100mmHg).
    • Ou uma consulta com > 140/90 em paciente com alto RCV.
  • > 135/85 mmHg na MRPA (Monitorização Residencial)
  • MAPA (Monitorização Ambulatorial):
    • > 135/85mmHg vigília
    • > 130/80 mmHg 24 h de monitorização
    • > 120/70 mmHg no sono.
- Hipertensão do Jaleco Branco
  Acredita-se que 30% dos HAS estágio I são, na verdade, portadores de HJB.
  PA elevada somente no consultório. PA normal no MAPA.
  Prognóstico melhor que os verdadeiros HAS.
  Porém, estudos sugerem que 70% de quem tem HJB irá desenvolver HAS pelo MAPA em 10 anos.
- Efeito do Jaleco Branco
  Aumento de 20 mmHg na PAS e/ou 10 mmHg durante o consultório
  Pode ocorrer em normotensos ou hipertensos
  Classificação errônea dos estágios de hipertensão e, consequentemente, provocar hipotensão no paciente.
- Hipertensão Mascarada
  PA normal no consultório, porém PA elevada no MAPA.
  Quando suspeitar? Paciente com PA normal e sinais de lesão em orgão alvo..
   Prevalência de 13% dos HAS.
- Hipertensão Sistólica Isolada
- Hipotensão Ortostática
- Pseudo-hipertensão do Idoso
- Hipertensão Acelerada Maligna

- Exame Físico
  Fundoscopia
  ITB - Índice Tornozelo-Braquial - normal quando > 0,9 - definido pela razão entre PAS do tornozelo pela PAS do braço homolateral. Se < 0,9 sua razão, há forte suspeita de doença arterial periférica.

- Exame Complementar

Avaliação Inicial de Rotina do Paciente Hipertenso
  1. Urina I
  2. K+
  3. Creatinina
  4. Glicemia Jejum
  5. Lipidograma completo
  6. Ácido Úrico
  7. ECG

- Lesões de Órgão-Alvo:

1. Lesão Vascular: lesão endotelial com posterior remodelamento vascular, o qual faz elevar a pressão arterial e esta piora este remodelamento num ciclo vicioso. As consequências deste remodelamento (1) Arteriosclerose hialina, (2) Arteriosclerose Hiperplásica, (3) Microaneurismas de Charcot-Bouchard, (4) Aterosclerose.

Aterosclerose:
O acúmulo de LDL na camada íntima ocorre porque esta pode se ligar a certos proteoglicanos na matriz extracelular, ao se estabelecer na artéria, fica suscetível a sofrer oxidação tanto de sua porção lipídica quanto da proteica. A oxidação no local leve ao aumento da expressão de moléculas de adesão e quimiotáxicas, levando ao acúmulo de leucócitos na íntima junto a gordura. Os monócitos que se fixam na íntima, se transformam em macrófagos, capaz de fagocitar o LDL oxidado - células espumosas. Parte dessas acabam por morrer por apoptose, formando um centro necrótido nas placas mais avançadas.
Lesão inicial da aterosclerose é a chamada estria de gordura que acomete grandes artérias, isso ocorre em todos os indivíduos a partir das primeiras décadas de vida.
A partir ds 30 anos, em pessoas propensas, há evolução para a formada placa de ateroma, progredindo também para artérias de médio calibre (coronárias e carótidas).
A placa de ateroma desenvolve-se preferencialmente nas bifurcações arteriais, onde o turbilhonamento de sangue é maior (ex. bifurcação de carótidas).  As porções proximais das artérias de médio calibre também  costumam ser afetadas (coronárias, renais, mesentéricas).
O que diferencia a estria gordurosa da placa de ateroma é a presença de tecido fibroso envolvendo o cerne lipídico. Esse tecido fibroso é produzido por células musculares lisas modificadas que migram da média para a íntima.
Placa de ateroma: tecido fibrolipídico com células no seu interior.
As plaquetas podem aderir a placa - trombo branco - estimulando ainda mais a trombogênese e fibrogênese. Com o passar do tempo, a placa desenvolve microvasos em seu interior, contribuindo para o afluxo de leucócitos e sendo responsável pelos episódios de hemorragia intraplaca.
Fatores de Risco para Aterosclerose: Tabagismo, Obesidade, Sedentarismo, Dislipidemias, HAS, Resistência à insulina, Diabetes mellitus, Hiper-homocisteinemia, PCR aumentada, Microalbuminúria, Idade > 50 anos, Sexo masculino ou sexo feminino pós-menopausa, História Familiar e Infecção pelo HIV.
Papel da Hipertensão Arterial na Aterosclerose: Lesão endotelial + Remodelamento Vascular leva a formação maior de fatores de crescimento e citocinas, maior oxidação de LDL e recrutamento de leucócitos.
Complicações da Placa de Ateroma: 

  • Obstrução gradual do lúmen arterial - angina estável, angina mesentérica, hipertensão renovascular e claudicação intermitente.
  • Fraqueza da parede arterial - Aneurismas.
  • Trombose da placa - IAM, AVCi, Isquemia mesentérica aguda - Por que ocorre? Instabilidade da Placa: Leucócitos ativados no interior da placa fagocitam parte da capa fibrótica, esta torna-se fina e se rompe, expondo seu conteúdo lipídico altamente trombogênico às plaquetas e fatores de coagulação, levando a trombose do vaso. Ou seja, há rompimento da placa por conta de uma inflamação da mesma (leucócitos tornam esta fina e frágil).

2. Cardiopatia Hipertensiva:
a. Hipertrofia Ventricular Esquerda: 
→ Repercussão cardíaca mais comum da HAS.
→ Massa ventricular esquerda para superfície corporal: >116 g/m² homens e >96 g/m² mulheres.
→  Presente no ECO de mais de 50% dos Hipertensos não tratados.
→  Em 10% dos ECG de Hipertensos.
→  Fator de risco independente para RCV e mortalidade.
→  Concêntrica ou Excêntrica.
→  Pode haver isquemia miocárdia pelo excesso de demanda metabólica pela hipertrofia, mesmo na ausência de lesão obstrutiva nas coronárias.
Resultado de imagem para hipertrofia ventricular ECO valores de referencia

b. Disfunção Diastólica:
→ Muito comum ser achado um grau leve de disfunção diastólica ventricular nos hipertensos.
→ Em caso de um grau mais avançado, há aumento do átrio esquerdo e sintomas de congestão pulmonar. (dispneia, ortopneia).
→ Responsável por 50% dos casos de ICC em HAS.
→ Responsável pelo Edema Agudo Hipertensivo.
→ Idosos podem desenvolver Cardiomiopatia Hipertrófica Hipertensiva: Quadro semelhante à cardiomiopatia hipertrófica hereditária, com HVE concêntrica, com hiperfunção sistólica e disfunção diastólica grave.

c. Cardiopatia Dilatada - Disfunção Sistólica
→  a HAS é a primeira ou segunda causa de Insuficiência Cardíaca no Brasil e no Mundo.
→ disfunção sistólica + dilatação ventricular.
→  inicia-se com IVE e, posteriormente, insuficiência biventricular congestiva.
→  remodelamento cardíaco: cardiopatia dilatada.
→  a diminuição do débito cardíaco pela insuficiência pode normalizar a PA.
→  mau prognóstico: FE reduzia e/ou NYHA alto.

3. Doença Coronariana:
→ Principal fator de risco para doença aterosclerótica coronariana.
→ Espectro clínico: 1. isquemia silenciosa; 2. angina estável; 3. angina instável; 4. IAM; 5. morte súbita.
→ cardiomiopatia isquêmica pelo miocárdio hibernante pode levar a ICC.
→ IAM pode levar a cardiopatia dilatada e disfunção sistólica.

4. Doença Cerebrovascular:
→ AIT, AVEi, AVEh, HSA, demência multivascular e atrofia cerebral (Doença de Binswanger)
→ O evento cerebrovascular mais comum é o AVEi em 80% dos casos - ocasionado na maioria das vezes por um fenômeno tromboembólico relacionado à aterosclerose carotídea. Outro mecanismo é a trombose in situ dos vasos cerebrais.
→ AIT ocorre por pequenos êmbolos provenientes das carótidas - é um prenuncio do AVCi.
→ Hemorragia intraparenquimatosa ocorre por ruptura de microaneurismas de Charchot-Bouchard.
→ HSA ocorre por ruptura de aneurisma sacular congênito ou MAV.

5. Nefropatia Hipertensiva
→ arteriosclerose hialina nas arteríolas aferentes renais, processo chamado de nefroesclerose hipertensiva.
→ o primeiro sinal de comprometimento renal é a presença de microalbuminúria: 30-300mg em 24h.
microalbuminúria é um fator de risco para morbimortalidade cardiovascular no hipertenso.
→ apenas 0,3% dos hipertensos evoluem com nefropatia.
→ BRASIL  – A  NH  é  a  primeira  causa  de  rim  terminal  ( porque  os  diabéticos morrem antes da  fase terminal dos rins) .
       Do ponto de vista anátomo-patológico, na nefroesclerose benigna destacam-se alterações vasculares, glomerulares e túbulo-intersticiais. As alterações vasculares caracterizam-se por hialinose arteriolar e arterial, hipertrofia da média e fibrose intimal. As alterações glomerulares nem sempre estão presentes na nefroesclerose benigna. A alteração mais precoce é o colapso das alças capilares, com espessamento aparente de suas paredes, que na verdade decorre do enrugamento da membrana basal glomerular. Outras alterações glomerulares são descritas, por exemplo: aumento da matriz mesangial, que resulta em esclerose segmentar ou global do tufo glomerular. Nefrite intersticial, freqüentemente de intensidade moderada, associa-se às anormalidades vasculares e glomerulares.
      Hipertensão Maligna e Anatomopatologia renal: As anormalidades renais incluem rápida elevação de creatinina sérica, hematúria (podendo ser macroscópica), proteinúria, cilindros hemáticos e leucocitários no sedimento. Os níveis plasmáticos de aldosterona promovem alcalose metabólica hipopotassêmica na fase inicial, porém a uremia e a hiperpotassemia podem obscurecer estes achados iniciais. Com freqüência, observam-se sinais hematológicos de anemia hemolítica microangiopática. Do ponto de vista histológico, podem-se observar duas lesões vasculares distintas: a necrose fibrinóide e a arteriolite hiperplásica das arteríolas interlobulares (lesão em “casca de cebola”). Os glomérulos também podem sofrer alterações proliferativas ou necrose, e a maioria das alterações glomerulares e tubulares é secundária a isquemia e ao infarto. A anemia hemolítica microangiopática e a ativação da sistema renina-angiotensina-aldosterona parecem ser essenciais ao seu desencadeamento/perpetuação.

Nefroesclerose Hipertensiva Maligna: 

  •  complicação esperada da hipertensão acelerada maligna
  • mais comum em negros
  • arteríolas renais sofrem um processo de arterioloesclerose hiperplásica e necrose fibrinoide arteriolar.
  • Quadro Clínico: Insuficiência renal que progride dias ou semanas + Proteinúria + Hematúria.
  • tratar PA corretamente para melhora do quadro renal.


6. Retinopatia Hipertensiva
→ O comprometimento das arteríolas retinianas espelha o acometimento vascular de outros órgãos. (ex. cérebro, rim)
→  Grupos I e II: Efeito do remodelamento vascular = crônico
→  Grupos III e IV: Efeito da hipertensão acelerada maligna
→  Existe correlação entre retinopatia hipertensiva e nefropatia hipertensiva.
Classificação Keith-Wagener-Barker (1939)

Imagem relacionada
Arteríola em Fio de Prata
Uma série de manifestações oculares está direta ou indiretamente associada à hipertensão arterial sistêmica (HAS). As consequências diretas incluem retinopatia hipertensiva, coroidopatia e neuropatia óptica. Indiretamente, a HAS é um fator de risco significativo para oclusão venosa e arterial da retina, retinopatia diabética, degeneração macular relacionada à idade e glaucoma. A fundoscopia e o mapeamento de retina com dilatação pupilar devem integrar o exame físico em todos os pacientes com hipertensão recentemente diagnosticada, uma vez que a retina é a única parte da vasculatura que permite visualização de forma não invasiva.
Os sinais de retinopatia hipertensiva podem ser agudos ou crônicos. Os primeiros incluem constrição arteriolar, manchas algodonosas, hemorragias retinianas, exsudatos duros, coroidopatia hipertensiva, descolamento seroso da retina e edema de disco óptico. Cronicamente, há estreitamento arteriolar generalizado, aumento do reflexo dorsal arteriolar, maior tortuosidade vascular, manchas algodonosas e hemorragia retiniana.
Dessa maneira, exames como retinografia, angiofluoresceinografia e tomografia de coerência óptica podem ser indicados para avaliar a perfusão vascular retiniana e a possível necessidade de uso da fotocoagulação a laser ou da injeção intraocular de corticoide e/ou de anti-VEGF. Vale adicionar que não existe tratamento oftalmológico específico para as lesões retinianas causadas pela HAS.
Na gestação, a toxemia gravídica, decorrente da eclâmpsia e da pré-eclâmpsia, pode desencadear estreitamento arteriolar, hemorragia retiniana, exsudatos algodonosos, depósitos lipídicos, edema retiniano e papiledema. Existe ainda a possibilidade de descolamento seroso da retina bilateral em gestantes hipertensas, porém há uma entidade com os mesmos achados denominada coriorretinopatia serosa central. O que a difere da retinopatia hipertensiva é a apresentação unilateral, assim como o bom prognóstico pós-puerpério.

7. Aneurisma de Aorta Abdominal:
→ Geralmente na  porção infrarrenal, acomete 3% dos hipertensos.
→ O risco de ruptura se torna importante quando a aorta abdominal mede mais que 5 cm de diâmetro.

8. Claudicação Intermitente: acometimento aterosclerótico de artérias femorais.

- Identificação de Lesões Subclínicas de Órgãos-alvo:
1. ECG com sinais de HVE
2. ECO com sinais de HVE
3. Espessura médio-intimal de carótida > 0,9mm ou presença de placa de ateroma
4. Índice tornozelo-braquial < 0,9
5. Taxa de Filtração Glomerular < 60 ml/min/1,72m²
6. Microalbuminúria 30-300 mg/24h

Guideline 2017 de hipertensão da Sociedade Americana de Cardiologia

👉Classificação da Pressão Arterial 
  • Normal : quando PAS < 120mmHg + PAD < 80mmHg;
  • Elevada quando PAS estiver entre 120 e 129mmHg + PAD entre 80 e 89mmHg
    • Mudança de estilo de vida e retorno em 6 meses.
  • Hipertensão Estágio 1 – Quando PAS estiver entre 130 e 139mmHg ou PAD entre 80-89mmHg
    • Fazer o cálculo do Risco Cardiovascular em 10 anos (atherosclerotic cardiovascular disease (ASCVD) risk calculator)  
    • Se risco < 10% ᐅ Modificações do estilo de vida e retorno em 6 meses.
    • Se risco > 10% ou paciente tem evidências de Doença Cardiovascular, DM ou Doença Renal Crônica ᐅ Mudança Estilo de Vida + 1 Antihipertensivo e retorno em 1 mês:
      • Se meta obtida: retorno em 6 meses.
      • Se não obtida: considerar aumento de dose ou troca de medicação + retorno mensal até atingir a meta pressórica.
  • Hipertensão Estágio 2 – Quando PAS estiver acima ou igual a 140mmHg ou PAD acima ou igual a 90mmHg
    • Mudança de hábitos + 2 Antihipertensivos de classes distintas e retorno em 1 mês.
      • Se meta obtida: retorno em 6 meses
      • Se não: trocar classes ou dose e retorno mensal até atingí-la.
        _____________________________________________________
  • Com isso a HAS passa a prevelecer em 46% da população mundial.
  • Antes, estágio 2 recebia só 1 medicação AH - passou para 2 medicações.
  • Não há mais "pré-hipertensão" - esse termo foi eliminado no atual Guidiline.

👉 Diagnóstico: 2-3 medidas em 2-3 ocasiões díspares ou MAPA 24h (método ideal).
  • Cuidados ao aferir a pressão arterial:
    • Use nº correto do manguito (cuff): Cuff muito pequeno eleva 2–10 mm Hg.
    • Remova roupas do espaço a ser medido: roupas elevam de 5-50 mm Hg.
    • Paciente não deve conversar duranta a aferição: aumento de 10 mm Hg.
    • Bexiga não pode estar cheia: aumento de 10 mm Hg.
    • Braço deve estar ao nível do coração: posição errada eleva 10 mm Hg.
    • Pernas precisam estar descruzadas: pernas cruzadas acrescentam 2-8 mm Hg.
    • Evite ingestão de cafeína, uso de cigarro e exercícios 30 minutos antes do procedimento.
    • Na primeira consulta, afira em ambos os braços e considere a PA de maior valor.
    • Use a PA de obliteração radial obtida pela palpação como PAS e infle 20-30mm Hg acima para iniciar o processo de ausculta.
    • Desinsufle o manguito ao passo de 2mm Hg/s, considera PAS o primeiro som de Korotkoff e o último nitidamente audível como PAD.

👉 Pressão Arterial Alvo:
  • Para maioria dos pacientes: 130x80mm Hg
👉 MAPA/MRPA - Quando usar (classe IIa): 
  • Para diagnóstico inicial de HAS com PA entre 130x80mmHg e 160x100mmHg
  • Monitorização periódica de adultos já diagnosticados com HAS do avental branco
  • Usar a MAPA em pacientes com MRPA ou auto-medida sugestivos de HAS do avental branco
  • PA consistentemente entre 120x75mmHg e 129x79mmHg em pacientes não-tratados para diagnóstico de HAS mascarada.
👉 Exames básicos para seguimento de pacientes hipertensos:
  1. Perfil Lipídico
  2. Creatinina
  3. Urina I
  4. Glicemia
  5. Hemograma
  6. Na, K e Ca
  7. TSH
  8. ECG
👉 Farmacologia da Hipertensão Arterial:
  • Pessoas de raça negra: mais propensas à HAS, 2 ou mais medicações são recomendadas para atingir meta < 130/80mmHg. Tiazídicos e/ou BCA são mais efetivos em diminuir PA nessa raça. Morbi-mortalidade assoc. à HAS é mais frequentes nos negros e hispânicos comparada à morbi-mort.  dos brancos.
  • Fármacos de Primeira Linha
    • Tiazídicos ou TZD-like ᐅ Clortalidona, HCTZ (25-50mg, 1x), Indapamina, Metolazone
      • Comentários: Clortalidona tem maior 1/2 vida e reduz eventos CVasc. Atenção aos níveis de ⬇Na, ⬇K, Ca e ⬆Ácido úrico - Evitar em pacientes com Gota!
    • IECA ᐅ Captopril (12.5 - 150mg, 2 a 3x), Enalapril (5 - 40mg, 1 a 2x), Ramipril (2,5 - 10mg, 1 a 2x).
      • Comentários: Não assoc. com BRA ou inibidores da renina (ex. alisquireno); ⬆ K (especialmente em renal crônico); IRA em caso de estenose bilateral severa de aa. renais; não usar em pacientes com histórico prévio de angioedema com IECA; Não usar em gestantes.
    • BRA ᐅ Candesartana, Irbersatana, Losartana (25 - 100mg, 1x), Olmesartana, Telmisartana, Valsartana (80 - 320mg, 1x)
      • Comentários: Não assoc. com IECA ou inibidores da renina (ex. alisquireno);  IRA em caso de estenose bilateral severa de aa. renais; não usar em pacientes com histórico prévio de angioedema com BRA (pode ser usado em caso de angioedema para IECA); Não usar em gestantes.
    • BCC 
    1. Diidropiridínicos: Amlodipino (2,5-10mg, 1x), Nicardipino SR (5-20mg, 1x) Comentários: Evitar em pacientes com IC com reduzida FE; edema em MMMII dose-dependente, mais frequente em mulheres.
    2. Não Diidropiridínicos: Diltiazem SR (180-360mg, 2x), Diltiazem ER (120-480mg, 1x), Verapamil IR (40-80mg, 3x),Verapamil SR (120-480mg, 1 a 2x)
      Comentários: Evitar usar rotineiramente com β-block devido ao risco de bradicardia e BAV; Evitar em pacientes com IC com reduzida FE; Interação medicamentosa com diltiazem e verapamil (CYP3A4)






  • Fármacos de Segunda Linha

      • Diuréticos de alça (loop diuretic)ᐅ Espironolactona (50-100mg, 2x)
        • Comentários: Fármaco de escolha no Hiperaldosteronismo Primário e Hipertensão Refratária;  ginecomastia and impotência; Comum fármaco adicionado na terapia em casos de hipertensão refratária;  Evitar suplementos com K+.
      • β-Bloqueadores
        • Cardioseletivos ᐅ Atenolol (25-100mg, 2x), Bisoprolol, Metoprolol tartrate (100-400mg, 2x), Metoprolol succinate (50-200mg, 1x)
          Comentários: Não são recomendados como agentes de primeira-linha, a não ser que o paciente tenha ICA ou IC; Preferido em pacientes com broncoespasmo necessitando de beta bloq; Bisoprolol e succinato de Metoprolol são preferidos em paciente com IC com FE reduzida. Evitar cessação abrupta da medicação (efeito rebote)
        • Não cardioseletivos ᐅ Propanolol.
          Comentários: Não usar em caso de hiperreatividade de vias aéreas;  Evitar cessação abrupta da medicação (efeito rebote).
        • Com atividade em α- and β-receptores ᐅ Carvedilol (12.5-50mg, 2x), Labetalol (200-800mg, 2x).
          Comentários: Preferido em paciente com IC com FE reduzida; Evitar cessação abrupta da medicação (efeito rebote).
      • Inibidores diretos da Renina ᐅ Alisquireno (150-300mg, 1x)
        • Comentários:  Não usar assoc. a IECA/BAR; Hipercalemia em paciente com IRC ou em uso de K;  IRA em caso de estenose bilateral severa de aa. renais; Não usar em gestantes.
      • Central α1-agonistas e outras drogas de ação central ᐅ Clonidina, Metildopa
        • Comentários: Reservados como última linha de tratamento devido aos significantes efeitos adversos no SNC, especialmente em idosos; evidar descontinuação abrupta de clonidina, a qual pode induzir crise hipertensiva.
      • Vasodilatadores diretos ᐅ Hidralazina (50-200mg, 2 a 3x) e Minoxidil
        •  Assoc. com retenção de Na e H2O e taquicardia reflexa; usa-se em assoc com diuréticos e beta bloq; Hidralazina pode ocasionar síndrome lúpus-like; Minoxidil pode ocasionar hirsutismo.


    👉 Fatores de Risco HAS:

    • As mudanças no estilo de vida podem reduzir a PAS em 4-11mm Hg .
    • Espera-se que a cada peso perdido, haja redução de 1 mm Hg na PA.
    • Recomenda-se 90-150 min de ex. aeróbico por seman ou 3x/semana de ex. de resistência.
    • Alimentação: DIETA DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension)
      • Rica em frutas, vegetais, grãos e baixa ingesta de gordura.
      • Sal < 1.500mg/dia
      • Reduzir bebidas para  2 drinks para homens e 1 para mulheres/dia.

    LINKS RELACIONADOS À HAS: 7 MITOS SOBRE O SAL (ENG) 
    FONTES:
    1. http://professional.heart.org/idc/groups/ahamah-public/@wcm/@sop/@smd/documents/downloadable/ucm_497446.pdf
    2. http://professional.heart.org/professional/ScienceNews/UCM_496965_2017-Hypertension-Clinical-Guidelines.jsp?UTM_source=Postcard&utm_medium=Print&utm_campaign=Hypertension
    3. https://cardiopapers.com.br/
    4. http://www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/revista-medica/materias/Pages/manifestacoes-oftalmologicas-da-hipertensao-arterial-sistemica.aspx
    5. MEDCURSO - CARDIOLOGIA - CLÍNICA MÉDICA 2018
    6. http://arquivos.sbn.org.br/casosClinicos/Caso54/diag.html

    Clínica #01 - Demência e Prevenção (JAMA)

    dezembro 23, 2017 Posted by Laura M. , No comments

    “Modifiable Risk Factors and Prevention of Dementia - What Is the Latest Evidence?”

    Kristine Yaffe, MD
    • Foram analisados dois grandes estudos sobre prevenção de demência: Um pela Academia Nacional de Medicina e outro da Lancet.
    • A prevalência da doença de Alzheimer e outras demências deve triplicar nos próximos 30 anos em todo o mundo.Dementia é uma condição devastadora e mortal que traz enorme custo; o custo direto total para a economia dos EUA em 2016 foi de US $ 236 bilhões.
    • O relatório da Academia Nacional de Medicina baseou a maioria das suas conclusões sobre a evidência de maior qualidade de ensaios randomizados, enquanto o relatório Lancet baseou-se principalmente nos achados de estudos observacionais.
    • A Comissão da Lancet concluiu que 35% da demência poderia ser prevenida modificando 9 fatores de risco
      • Baixa escolaridade; 
      • Perda de audição na meia idade;
      • Obesidade;
      • Hipertensão; 
      • Depressão em idade avançada, 
      • Tabagismo;
      • Inatividade física;
      • Diabetes;
      • Isolamento social.
    • O relatório da Academia Nacional de Medicina encontrou evidências encorajadoras para apoiar o possível benefício de 3 classes de intervenção: treinamento cognitivo, controle da pressão arterial em pessoas com hipertensão e aumento da atividade física.
    • De fato, estudos com base na população mostram que, embora o número total de casos de demência esteja crescendo, taxas de incidência específicas de idade estão diminuindo em paralelo com reduções no nível populacional em fatores de risco, como baixa escolaridade, tabagismo e doenças cardiovasculares.
    • Como um clínico interpreta esses relatórios conflitantes? Uma abordagem é tomar um ponto intermediário e incentivar os pacientes, com base em evidências modestamente fortes, a serem fisicamente e cognitivamente ativos e gerenciar fatores de risco cardiovasculares.
    • Muitos grandes ensaios randomizados estão em andamento para testar os efeitos do aumento da atividade física, estimulação cognitiva, melhora da perda sensorial, padrões e suplementos dietéticos aprimorados e intervenções multidominais.


    Neuro #08 - Displasias Frontonasais e Disostoses

    dezembro 19, 2017 Posted by Laura M. , No comments



           As fissuras faciais podem ser unilaterais ou bilaterais. Os dois tipos de fissuras mais comuns são: a fissura labial, e a fissura palatina.
          A fissura labial resulta da falha da fusão entre a proeminência maxilar e o processo inter-maxilar. 
          A fissura palatina é causada por um crescimento inadequado da lâmina palatina ou pela falha da fusão destas lâminas ao longo da linha mediana.
         Estudos mostram a preferência pelo lado esquerdo nas fissuras labiais, predominância pelo sexo masculino nas fissuras labiopalatinas e pelo sexo feminino nas fissuras isoladas do palato.
         A hereditariedade é fator importante na origem das fissuras, principalmente nas labiopalatinas.


    • Classificação de Tessier para Fissuras da Face e Crânio:
     A classificação de Tessier considera a fissura como base da malformação observada. As fissuras são classificadas de 0 a 14 em relação ao plano sagital da face.
     

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    • Disostoses


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    Neuro #07 - HSDc e Dexametosona

    dezembro 19, 2017 Posted by Laura M. , No comments

    Dexametasona e Hematoma Subdural Crônico
    Dexamethasone for chronic subdural haematoma: a systematic review and meta-analysis

     Acta Neurochir (2017) 159:2037–2044

    O uso de dexametasona como monoterapia ou terapia adjuvante tem sido aplicada no tratamento clínico do Hematoma Subdural Crônico, mas sua eficácia e praticabilidade tem sido questionadas.
    Estudo não teve evidências para dar suporte ao uso da Dexametosa como um fármaco efetivo como alternativa ao procedimento neurocirúrgico. Mas seu uso adjuvante facilita o tratamento desses pacientes ao diminuir a recorrência do hematoma. Mais estudos são necessários.


    Fontes:

    Radiopedia article: Duam Rim Sign, by Dr Henry Knipe and A.Prof Frank Gaillard et al. Acesso: <https://radiopaedia.org/articles/dual-rim-sign>
    Dexamethasone for chronic subdural haematoma: a systematic review and meta-analysis. Neurosurgery Blog. Acesso: <http://www.neurosurgery-blog.com/archives/11433>

    Neuro #06 - Encefalop. Hip-Isq./ Status Marmoratus

    dezembro 18, 2017 Posted by Laura M. , No comments

    ENCEFALOPATIA HIPÓXICO-ISQUÊMICA

    Image result for CARDIOTOCOGRAPHY DIPS TYPE II
          Este termo é usado para descrever neonatos maduros (gestação> 37 semanas) que apresentam sinais de angústia fetal antes da parto, que têm pontuação Apgar anormal e requer ressuscitação no nascimento e que apresentam anormalidades neurológicas específicas durante as primeiras 24h após o parto.

          Os sinais de dificuldade fetal incluem gravações anormal de cardiotocografia, como variabilidade diminuída, desaceleração tardia (DIPS tipo II) e bradicardia basal <100 / min com ou sem líquor corado com mecônio. 
     
    Image result for CARDIOTOCOGRAPHY ENCEPHALOPATHY
    Pathological antenatal CTG.
    Note loss of variability and an unprovoked deceleration.

    Um pH do couro cabeludo fetal inferior a 7,2 é também indicativo de hipoxia fetal, embora os valores de <7,0 sejam geralmente encontrados. Os sinais neurológicos anormais no EHI incluem dificuldades de alimentação, irritabilidade, anormalidades do tônus, convulsões e diminuição do nível consciência.


    • Classificação da EHI segundo Sarnat & Sarnat
    Image result for Hypoxic–ischemic encephalopathy sarnat
           Embora os recém nascidos prematuros estejam em alto risco de asfixia, o estadio HIE deve ser reservado para bebês a termo. Apesar das melhorias nos cuidados perinatais no mundo desenvolvido, a asfixia continua a ser uma das principais causas de mortalidade, resultando em até 25% da mortalidade e morbidade perinatal e dando origem a entre 8 e 15% de todos os casos de paralisia cerebral.

    MÉTODOS DE IMAGEM NA EHI:

    • US CRANIANO: A ultra-sonografia craniana é valiosa para identificar edema cerebral e hemorragia parenquimatosa ou intraventricular. As áreas de infarto parenquimatoso podem levar vários dias para serem visualizadas como uma densidade de eco. A ultra-sonografia craniana sempre fornecerá um método para rastrear e monitorar a evolução das lesões, mas não é tão bom quanto a ressonância magnética na determinação do local exato e extensão das lesões. A combinação de ultra-som craniano e ressonância magnética é ideal para avaliar o cérebro neonatal.
    • TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE CRÂNIO
    • RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE ENCÉFALO

    Early findings that may be identified during the first week after birth

    Brain swelling
    Loss of the normal signal in the posterior limb of the internal capsule
    Abnormal signal intensities in the basal ganglia and thalami
    Brain stem lesions
    Loss of gray/white matter differentiation
    Cortical highlighting (T1 weighted sequences)

    Fig. 6.1 (b)
    Brain Swelling showing slit-like ventricles, complete ‘closure’ of the interhemispheric fissure and no visible extracerebral space or sulci.
    Fig. 6.3 (diii)
    Ausência do hipersinal em globo pálido esperado e presença de hipersinais em tálamo e gânglios da base.
    Fig. 6.6 (bii)
    Alterações em núcleo ventro-lateral do tálamo e Putâmen
    FISIOPATOLOGIA

    • A asfixia aguda grave está associada a lesões nos gânglios basais, tálamo, tronco encefálico, hipocampo e tratos corticoespinhais em torno da fissura central. Isso foi denominado envolvimento cortico-subcortical central. Este é o padrão mais comum de lesões após a angústia fetal aguda durante as contrações e  o parto. 
    • Em alguns casos, a causa da EHI ou da perda fetal é óbvia, por exemplo, desprendimento da placenta, acidente do cordão ou suposto estresse cardiovascular durante um parto difícil. Em muitos outros, é difícil identificar. Fatores pré-natais (eclampsia, hipercoagulabilidade e outras condições maternas, patologia placentária) aumentam o risco de um desfecho adverso, mas a encefalopatia neonatal e a morte fetal podem ocorrer sem fatores predisponentes. Em alguns casos, a encefalopatia neonatal se desenvolve no período pós-natal como resultado de choque séptico, circulação fetal persistente e outras causas. Além disso, a patologia que se desenvolve inicialmente antes ou durante o nascimento, por exemplo, aspiração de mecônio, desempenha-se no período pós-natal, aumentando o insulto inicial.
    • Os bebês com insultos crônicos, possivelmente repetitivos, são mais propensos a mostrar anormalidades dentro do córtex e da substância branca. Isso pode ter uma distribuição parasagital clássica, envolvendo o território entre as principais artérias → Os insultos pré-natais repetidos nessas crianças são manejados para predominar a substância branca, desviando o sangue para partes metabolicamente mais ativas do cérebro em desenvolvimento, como os gânglios basais e o tálamo.

    Borderzone lesions

    • Uma predileção semelhante para os gânglios basais e tronco encefálico é vista na síndrome de Leigh, uma encefalopatia mitocondrial que afeta crianças pequenas.
    • O infarto de matéria branca maior também pode ser observado em lactentes que possuem outros fatores predisponentes, como hipoglicemia.
    • HIE perinatal grave pode fazer com que o córtex e a substância branca se "derretem" até tal ponto que o cérebro é reduzido a um saco de paredes finas, semelhante à hidranencefalia. Em outros casos, a destruição do córtex e da matéria branca resulta na formação de múltiplas cavidades atravessadas por uma rede de fios de glial delicados. As cavidades contêm fluidos, detritos e macrófagos. Esta entidade é chamada de encefalomalácia cística ou encefalopatia multicística.
    Multicystic encephalopathy.

    • O dano cortical é sempre mais grave nas partes mais profundas dos sulcos, enquanto os giros  são menos afetadas. Isso leva à formação de giro em forma de cogumelo. As coroas visíveis desses giros podem ser relativamente normais ou atróficas, mas suas partes mais profundas são prejudicadas. O termo "ulegyria" (giro com cicatrizes) refere-se a atrofia giral e gliose. 
    Ulegyria
    • O dano causado pelos ganglios talâmicos e basais causa, ao longo do tempo, perda de neurônios, mineralização de neurônios danificados e gliose. Um padrão anormal ou excessivo de mielina se desenvolve em alguns casos. As manchas irregulares de mielina densa, misturadas com zonas glioticas, dão ao tálamo e aos gânglios basais uma aparência marmoreada a olho nu, uma condição chamada status marmoratus. 
    • O hipocampo é menos freqüentemente afetado do que no HIE adulto. Em alguns casos, no entanto, observa-se o dano combinado do hipocampo e da ponte (pontosubicular necrosis). A patogênese deste padrão incomum não é clara. Em alguns casos, HIE perinatal causa perda bilateral de neurônios piramidais do hipocampo, semelhante ao HIE adulto. A ressonância magnética em tais casos mostra a atrofia do hipocampo. Esta lesão causa amnésia do desenvolvimento. 

    A patogênese de HIE no período do recém-nascido envolve os mesmos mecanismos que também estão presentes em adultos, a saber, a crise de energia por hipoxia-isquemia, acidose lática, excitotoxicidade e radicais livres, mas existem alguns modificadores importantes, que representam diferentes padrões de patologia em recém-nascidos. Os mecanismos de defesa antioxidante não estão totalmente desenvolvidos em recém-nascidos; os padrões de neurotransmissão glutamatérgica estão evoluindo e os receptores de glutamato são mais abundantes em núcleos profundos do que no córtex; o mielíno está em grande parte ausente no centrum semiovale; o cérebro neonatal tem um teor de água muito maior.

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    STATUS MARMORATUS

    Status marmoratus is the presence in full-term infants of basal nucleus lesions resulting from acute total asphyxia. The lesions have a marbled appearance caused by neuronal loss and an overgrowth of myelin in the putamen, caudate, and thalamus.









    Image result for status marmoratusImage result for status marmoratusImage result for status marmoratus



    Fontes:
    https://myradnotes.wordpress.com/2012/04/12/status-marmoratus/
    http://www.mrineonatalbrain.com/ch04-06.php#case-6-5
    http://neuropathology-web.org/chapter3/chapter3bAsphyxia.html
    http://slideplayer.com.br/slide/1799210/
    http://slideplayer.com/slide/6293168/
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    GO#02 - Fisiologia Trabalho de Parto

    dezembro 16, 2017 Posted by Laura M. , No comments

    Fisiologia do Trabalho de Parto

    Hormônio Liberador de Corticotrofina Placentária (CRH) é relacionado como promotor de todo o início do complexo processo de trabalho de parto - "Teoria do Relógio Placentário".
    CRH leva a:

    • Ativação miometrial -> útero estimula a produção prostaglandinas -> contração uterina
    • Produção de mais CRH na placenta -> estímulo a produção de cortisol fetal -> produção de surfactantes e fosfolídes -> amadurecimento cervical da mãe e maturação pulmonar fetal.
    • Aumento de Ocitocina

    • Os corticoides aceleram a expressão do gene CRH e consequentemente a produção do hormônio pela placenta.
    • O CRH estimula a hipófise a secretar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), ou corticotrofina, que, agindo na córtice suprarrenal libera o cortisol.
    • A produção não não consta só em cortisol más também de deidroepiandrosterona (DHEA), substrato para a síntese dos estrogênios placentários.

    "A placenta produz uma forma idêntica do hormônio CRH (eixo hipotálamo-hipófise-adrenal), aumentando sua concentração a partir da 20ª sem. Aparentemente, há  um nível crítico da concentração de CRH que deflagra trabalho de parto. O CRH causa aumento da ocitocina, queda dos níveis de progesterona (crítico para gestação), aumento das prostaglandinas (poder uterotômico) e outros fatores inflamatórios, além de aumento das comunicações intracelulares do miométrio (favorece influxo de cálcio)."
    CONCLUSÃO: CRH e o "relógio" placentário. No espaço interviloso, o sinciciotrofoblasto libera CRH, progesterona e estrogênios no sangue materno e no fetal. O cortisol circula através da artéria materna e atinge o espaço nterviloso, onde promove a produção de CRH pelo sinciciotrofoblasto. A veia umbilical carreia CRH para a circulaçâo fetal. estimulando a hipófise a sintetizar ACTH, que agindo na suprarrenal promove a secreçáo de cortisol e de deidroepiandrosterona (DHEA). O cortisol ativa o pulmão fetal a produzir a proteína surfactante A. que se desloca do líquido amniótico para o âmnio, onde atua na síntese de cicloxigenase-2 (COX-2) e de PGE. A PGE, atravessa o cório e a decídua e direciona as células miometriais a sintetizarem COX-2 adicional e PGF." (CRH - hormônio liberador da corticotrofina; ACTH - hormônio adrenocorticotrófico).


    Prostaglandinas: A PGF2α estimula a contração uterina pela produção de IP e a conseguinte liberação de cálcio do retículo sarcoplásmico.
    A ação da PGE2, no miométrio é complexa em virtude da existência de 4 receptores: dois estimulantes (EP1 e EP3) e dois relaxantes (EP, e EP4). A sinalização da PGE2 através de EP1 e EP3 estimula a liberação de cálcio via IP3, enquanto EP2 e EP4 ativam a (cAMP) pela adenilatociclase é uma das vias principais de relaxamento do músculo liso.
    A expressão dos receptores dé PG varia de acordo com o estágio da gravidez, e o nível ou o tipo de receptor dita o grau de quiescência ou de contratilidade uterina.

    Progesterona:   A progesterona desempenha papel fundamental no desenvolvimento do endométrio por permitir a implantação e posteriormente por manter o miométrio quiescente - bloqueio miometrial progesterônico. Em muitos mamíferos, a queda da progesterona circulante precipita o parto. Uma característica da gravidez humana é que o nível da progesterona circulante não cai com o início do parto. O que é claro é a "queda local" de progesterona no ambiente miometrial.

    Ocitocina: A ocitocina cuja secreção é estimulada por dilatação cervical não tem papel atuante no determinismo do parto sendo importante somente no período expulsivo e no secundamento. A neuroipófise materna ocasiona a sua secreção em pulsos.
    Os receptores de ocitocina nas células miometriais sofrem acréscimo notável no termo por causa dos estrogênios, enquanto a concentração de ocitocina não aumenta com a proximidade do parto.
    A ativação do receptor de ocitocina (OTR) proteína-G acoplado mediará a ação da ocitocina no miócito.
    A ligação da ocitocina ao OTR na membrana plasmática dissocia subunidades da proteína-G, o que acaba por liberar IP3 então mobiliza o cálcio armazenado no retículo sarcoplásmico.


    Contração uterina no trabalho de parto - introdução


    Unidade funcional do miométrio é a célula miometrial. As células miometriais estão dispostas em vários sentidos principalmente no corpo e fundo uterinos, possuem receptores para Ocitocina e Prostaglandinas F2A. Essas células formam um sincício miometrial, uma vez que possuem um sistema eficiente de propagação de estímulo contrátil através de gap junctions.
    "O que é estranho é que, enquanto antes da gestação não ha muitas junções comunicantes uma vez que a mulher engravida elas aumentam de número, e nos ultimos meses de gravidez chegam a ser bem numerosas"
    Para ocorrer a contração uterina, essas células dependem de ATP e Cálcio.
    Possuem miofilamentos responsáveis pela contração: grosso - Miosina e finos - Actina e Tropomiosina. A célula miometrial, sendo um filamento muscular liso, não possui Troponina em sua composição.
    O mais interessante em relação com o filamento fino é saber que ele é constituido de ACTINA F (fibrilar) e que esta consegue ligar-se em qualquer momento de miosina.
     A ligação da tropomiosina encobre os locais ativos da molécula de actina.

    Marca-passo e onda contrátil uterinos

    A contração uterina inicia-se em dois marca-passos localizados nas regiões de implantação tubária. A partir do estímulo do marca-passo, uma onda contrátil propaga-se no sentido descendente à velocidade de 2 cm/s e percorre todo o órgão em cerca de 15 segundosO marcapasso direito seria predominante; em algumas mulheres, o esquerdo o principal; ainda se admite o funcionamento alternado, certas ondas nascem do direito e outras do esquerdo, sem que haja, todavia, interferência entre eles.
    As contrações começa, possuem maior duração e intensidade nas regiões ALTAS do útero.
    Esse processo se denomina TRÍPLICE GRADIENTE DESCENDENTE.

    • 1º Gradiente: parte alta uterina - grande intensidade
    • 2º Gradiente: parte baixa uterina - menor intensidade
    • 3º Gradiente: colo útero - sem contração

    A contratilidade uterina apresenta caráter evolutivo durante a gestação, tornando-se clinicamente perceptível após 30ª semana, e podem surgir as chamadas contrações de Braxton-Hicks.
    O útero apresenta atividade contrátil durante toda a gestação, com contrações de dois tipos: de baixa e de grande amplitude (Braxton Hicks). No último trimestre da gestação, as contrações de Braxton Hicks vão se tornando cada vez mais frequentes e podem ser confundidas com contrações de trabalho de parto.
    - Hormônios e contração uterina:

    • Estrogênio: facilita a contração
    • Progesterona: bloqueia a contração
    • Prostaglandina: facilita
    • Ocitocina: facilita

    Contrações uterinas ao longo da gestação

    1.  ATÉ 30 SEMANAS: Contrações isoladas, descoordenadas em pequenas porções do útero, indolores - inferior a 20 UM.
    2. APÓS 30 SEMANAS: Contrações em regiões maiores do útero mais coordenadas, indolores e pouco frequentes (BRAXTON-HICKS)
    3. PRÓDROMOS: Contrações envolvendo todo útero, de baixa frequência, eventualmente dolorosas.
    4. TGD PARTO: Contrações ritmadas, frequência de 2 a 5 em 10 minutos, dolorosas. 
    5. PÓS-PARTO: Contrações ritmadas e frequentes por algumas horas, se que vão tornando mais espaçadas nos dias subsequentes



    Na fase de dilatação do colo, as contrações têm intensidade de 30 mmHg e freqüência de 2 a 3/10 minutos, para alcançar, no final desse período, valores respectivos de 40 mmHg e 4/10 minutos.
    No período expulsivo a freqüência atinge 5 contrações em 10 minutos e a intensidade 50 mmHg. São próprias dessa fase as contrações da musculatura abdominal com a glote fechada, esforços respiratórios verdadeiros, chamados puxos. Eles acréscem subitàneo, e de curta duração, a pressão abdominal. Têm intensidade média de 50 mmHg (somados à pressão intrauterina, aqui também de 50 mmHg, condicionam pressão amniótica de 100 mmHg).
    Em partos normais a atividade uterina varia de 100 a 250 UM.
    SECUNDAMENTO: O útero continua a produzir contrações mesmo após o nascimento do concepto, descolando a placenta de sua inserção uterina e empurrando-a para o canal do parto (nas duas ou três primeiras usualmente)
    São indolores, proporcionando alívio imediato às pacientes, eram chamadas período de repouso fisiológico. Hoje, sabe-se não existir, em termos de dinâmica uterina.
    PUERPÉRIO: As contrações, cuja freqüência vai diminuindo, chegam para uma em cada 10 minutos, depois 12 horas de puerpério. As contrações do secundamento e do puerpério, apesar de mais intensas do que as do parto, não exprimem aumento real na força muscular, como foi mencionado. Nos dias que se seguem, a intensidade e o número das contrações estão mais reduzidos. Quando o infante suga o seio materno, pode haver aumento nítido na atividade uterina, que desaparece finda a mamada.
    Image result for contração uterina obstetricia

     Determinismo do Parto

    • Distensão uterina: estimula a contração uterina
    • Ruptura das membranas: A produção da proteína surfactante A, fosfolipídios e citocinas inflamatórias no liquido amniótico eleva a atividade da cicloxigenase-2 (COX-2) e a produção da PGE, no âmnio. As prostaglandinas medeiam a liberação de metaloproteinases da matriz (MMP) que enfraquecem as membranas fetais, facilitando a sua rotura.
    • Amadurecimento Cervical

    Funções da Contratilidade Uterina

    • Manutenção da Gravidez: Geralmente, o útero não está inativo, há atividade bastante reduzida, irregular, localizada sem significado funcional expulsivo. O bloqueio progesterônico provavelmente mantém a gravidez diminuindo a sensibilidade da célula miometrial ao estímulo contrátil, por hiperpolarização da membrana. Assim, progesterona bloqueia a condução da atividade elétrica de uma célula muscular a outra. Antes de ser carregada pela circulação sistêmica ela alcança o miométrio. O bloqueio progesterônico efetivo impede o descolamento da placenta, não só durante a prenhez, como no ambiente hostil, da parturição.
    • Descida e Expulsão do Feto
    • Descolamento da Placenta: Para que ocorra desinserção placentária bastam geralmente duas a três contrações para descolá-la do corpo para o canal do parto.
    • Hemostase Puerperal

     Fármacos relacionados à contração uterina

    OCITÓCICOS  
    • Ocitocina natural 
    • Misoprostol (Prostokos) 
    • Metil-ergonovina (Methergin)
    TOCOLÍTICOS
    • Betamiméticos: Terbutalina (bricanyl) Isoxsuprina (Inibina)
    Nos miócitos, o interior é negativo em relação ao exterior, consequência da ação da bomba de sódio-potássio. O gradiente de potencial eletroquímico através da membrana plasmática tem como ator principal o canal de potássio. Esse tipo de canal pode ser cálcio- ou voltagem-regulado e permite o efluxo de potássio, resultando a diferença de potencial através da membrana celular. Assim, ela torna-se mais refratária à despolarização.
    Ao tempo do parto, mudanças na distribuição e na função desses canais reduzem a intensidade do estímulo necessário para despolarizar os miócitos e produzir o associado influxo de cálcio para gerar as contrações.
    Receptores β2-simpaticomiméticos que aumentam a abertura dos canais de potássio, por isso reduzindo a excitabilidade da célula, também declinam no parto.
    • Bloqueadores de Canal de Cálcio: Nifedipina (Adalat) 
    • Bloqueador de receptor de ocitocina: Atosiban (Tractocile) 
    • Sulfato de Magnésio 
    • Anti-inflamatórios: Indometacina (Indocid) 
    • Fornecedor de óxido nítrico: Nitroglicerina (Nitroderm)
    ► MÉTODOS DE INDUÇÃO. Os métodos de indução do parto podem ser divididos em dois grupos:
    1. Indutores da contração uterina:
    • ocitocina;
    • amniotomia;
    • descolamento das membranas;
    • estimulação dos mamilos.
    2. Promotores do amadurecimento cervical:
    • sonda de Foley, com ou sem infusão salina extra-amniótica;
    • PGE2dinoprostano;
    • análogo da PGEmisoprostol droga habitualmente utilizada entre nós para o amadurecimento do colo, dose de 25 mcg vaginal, a cada 3-6 horas, até o amadurecimento cervical ou a indução do parto